sexta-feira, 29 de maio de 2009

Universo Mecanicista

Ao trabalhar com os raciocínios indutivo e dedutivo, a ciência passou da observação dos fatos à criação de leis universais mediante hipóteses. Das leis, passou às teorias, ou destas aos fatos. O processo lógico-dedutivo está presente na matemática que, com sua linguagem, permitiu construir a imagem do mundo mecanicista, no qual os fenômenos seguem leis fixas e imutáveis. Desse determinismo universal decorreu um conhecimento utilitário e funcional que deu origem à idéia de que, para compreender o real, era preciso dominar e transformar o mundo. Manipulá-lo pela técnica.
A técnica, ao servir de base para a Revolução Industrial, aumentou também o poder de manipulação do homem sobre a natureza. Uma população constituída de trabalhadores rurais foi sendo substituída por operários ocupados com a produção e a distribuição de bens industriais, em decorrência da aplicação real e efetiva dos conhecimentos técnico-científicos na indústria. Foi a técnica produzida pela ciência, transformando a sociedade pelo desenvolvimento tecnológico, que, por sua vez, desenvolveu-se, ampliando e transformando a própria ciência.
Segundo Severini (1993), as perspectivas epistemológicas da Idade Moderna apoiavam-se nas luzes naturais da razão que, na realidade, só podem iluminar o objeto se ele estiver articulado e montado na consciência.
Para Moraes (1997), o pensamento cartesiano-newtoniano também influenciou de forma significativa a educação e formação de novas gerações. Porém ao invés de produzir as transformações necessárias para o desenvolvimento harmonioso do ser humano, a educação brasileira atual continua gerando padrões de comportamento preestabelecidos, com base em um sistema de referência que ensina a não questionar, a não expressar o pensamento divergente, a aceitar passivamente autoridade, a ter certeza das coisas, entre outros aspectos.
A escola atual permanece influenciada pelo universo estável e mecanicista de Newton, pelas regras metodológicas de Descartes, pelo determinismo mensurável, pela visão fechada de um universo linearmente concebido. Continua dividindo o conhecimento em assuntos, especialidades, fragmentando o todo em partes, separando a história em fatos isolados, sem se preocupar com a integração, a continuidade e a síntese. É o professor o único responsável pela transmissão do conteúdo. Segundo Freire (1987), é uma educação que deposita no aluno informações, dados, fatos, uma educação em que o professor é quem detém o saber, a autoridade, é quem dirige o processo e representa um modelo a ser seguido.

2 comentários:

Karina Mota disse...

Pois é dos temas sobre comunicação digital foi o que mais se aproximou do meu entendimento. Algo que poderia dissertar e que desejo, pois adoraria ter nascido nesta fase da era digital.
Acho que teria bem menos dificuldade de assimilar seus benefícios.
Mas aos poucos e com sua metodologia de ensino acredito chegar lá.

Mila disse...

Ao se falar que "escola atual permanece influenciada pelo universo estável e mecanicista de Newton..." infelizmente é a realidade. No entanto, lançar toda culpar na escola é reduzir muito a questão... E as políticas públicas de educação? A quem a escola serve? Não podemos esquecer dos Aparelhos Ideológicos de Estados (AIE) tão bem colocados por Louis Althusser. Os PCN's e a LDB? são perguntas pertinentes, não acham? culpar a escola por desempenhar seu papel...Não sei..., E quanto aos educadores? Qual sua parcela de culpa? Tantas discussões nas faculdades, congressos, blogs... O que estão fazendo? Bom ficar as perguntas e a seguinte defesa em relação à escola "enquanto houver lobo mal, nenhum cordeirinho assumirá a culpa por seu descuido." Não digo que a escola não tem sua responsabilidade, mas quem faz a escola?